
Com a palavra a vice-presidente da ABCZ
Ana Cláudia Mendes Souza é vice-presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ – 2023/2025), sediada em Uberaba\MG, e a primeira mulher a ocupar este cargo. A associação tem 24 mil associados, 25 escritórios no Brasil e 350 funcionários, uma potência a serviço das raças zebuínas.
A ABCZ tem a responsabilidade, desde o nascimento dos animais, a fazer o registro de nascimento e genealógico, que acompanharão as avaliações genéticas e o desempenho por toda a vida do animal. A entidade registra em todo o Brasil mais de 600 mil zebuínos por ano e detém o maior banco de dados do mundo sobre o zebu, com mais de 12 milhões de animais cadastrados. Por meio do PMGZ (Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos), acompanha o melhoramento genético de mais de 3.600 rebanhos em todo o país. Entre as raças zebuínas criadas no país estão: Nelore, Guzerá, Tabapuã, Sindi, Gir, Brahman, Cangaian, Indubrasil e Punganur.
Ana Claudia é graduada em administração, filha e neta de pecuaristas, e desde muito nova aprendeu a estar na lida com o pai, mas especializou muito para atuar na pecuária, depois de passar pelo setor da mineração. Como mulher e pecuarista, ela sabe onde está, para aonde está indo e que precisa de instrumentos certos para a tomada de decisões. Tanto que as suas conquistas, como criadora, a levaram aos cargos na ABCZ.
Antes de assumir a vice-presidência da entidade, ela foi também diretora internacional na gestão de Arnaldo Manoel (2016/2019). Como criadora, investe nas raças Nelore e Guzerá. Conheça nesta entrevista parte da sua trajetória.


AM — Assumir a vice-presidência da ABCZ, uma associação com 25 mil associados, sendo a primeira mulher nessa função, o que implica de conquista e de responsabilidade?
ACMS — Ser a primeira mulher a ocupar a vice-presidência da ABCZ foi um marco para todos nós. O gosto pela atividade vem das minhas raízes. Como sócia da maior associação de criadores de zebu e criadora, tenho a oportunidade de promover a nossa genética zebuína em feiras nacionais e internacionais. Temos a responsabilidade de valorizar e honrar a história da nossa entidade escrita por quem a construiu ao longo de todos esses anos.
AM — O que a levou a aceitar este desafio? Havia algum medo, algum receio ou desconfiança ao aceitar este cargo?
ACMS — O cargo de vice-presidente da ABCZ é de uma importância que não conseguimos mensurar tão facilmente, mas o convite foi aceito com humildade e coragem. A confiança foi a minha maior aliada. Hoje, tenho a certeza de que uma voz feminina exercita o diálogo nas decisões dentro de nossa diretoria.
AM — Como descreve a emoção de integrar a diretoria da ABCZ?
ACMS — A emoção sempre é medida, por mim, frente aos desafios que enfrento. Mas com muita alegria tenho conquistado pequenas mudanças.
AM — O que você pontua de conquista nesse período que participa da diretoria da ABCZ, não somente como vice-presidente, mas também do cargo de diretora desempenhado na gestão do Arnaldo Manoel?
ACMS — Ter a oportunidade de estar na Diretoria Internacional foi muito relevante no início da minha caminhada na ABCZ. Foi através das visitas dos estrangeiros em nossa Fazenda Amar e como criadora, que pude trazer contribuições para o intercâmbio entre os países e promover nossa genética zebuína. Estar à frente do Museu do Zebu, juntamente com nossos conselheiros e equipe tem sido maravilhoso! Temos as histórias, acervos, documentos que contam com muita riqueza os primórdios da nossa pecuária. Uma oportunidade única, pois foi aprofundando em nossas histórias que a cada dia admiro o tamanho dos resultados alcançados. Somos os maiores exportadores de carne e temos uma produção admirável de leite! Temos queijos premiados internacionalmente.
AM — Como você avalia o momento atual da pecuária de corte?
ACMS — O momento atual requer cautela e, como toda atividade, temos que trabalhar com estratégias para ciclos de baixos rendimentos.
AM — Como você avalia o resultado da ExpoZebu deste ano?
ACMS — A ExpoZebu 2024 veio expressar os melhores resultados esperados por nós, criadores, expositores, promotores e visitantes. Foi um sucesso para todos!
AM — O que a deixa animada por viver este momento como diretora de associação e empresária do agronegócio?
ACMS — Gostaria de dizer o quanto admiro uma maior participação de mulheres em nossa atividade pecuária e espero que possamos contar com mais mulheres em nossa diretoria da ABCZ.
AM — Apesar da sua vivência com a pecuária, já que é neta e filha de pecuaristas, o retorno às atividades implicou muito estudo?
ACMS — O retorno às atividades implicou muito estudo, busca por uma leitura mais técnica, consulta às assessorias com maior experiência e o exercício no curral e no campo. A tecnologia hoje nos desafia todo dia, então temos que ter ferramentas para podermos ter melhores decisões.
AM — Você é criadora de duas raças de corte, Guzerá e Nelore. Por que a escolha dessas duas raças?
ACMS — As duas raças são especiais! Tivemos que apertar nossa seleção em função do tamanho da nossa área, então, como projeto, achamos importante agregar a raça Nelore.