
Queijo Minas Artesanal
O Queijo Minas Artesanal é uma das iguarias cobiçadas do nosso país. Uma tradição que se iniciou no século 17 e marca presença no café da manhã, lanchinho da tarde ou nos mais variados pratos da nossa gastronomia. Afinal, quem não gosta de acordar de manhã e saborear uma boa xícara de café acompanhada de um saboroso queijo mineiro?
Para conhecer um pouco mais sobre as mulheres que produzem queijos, suas histórias e premiações no Brasil e no exterior, venha conosco nesse passeio por várias regiões produtoras do Estado. Cada uma das histórias aqui retratadas representa as milhares de histórias das queijeiras de Minas Gerais. Para aqueles que ainda não sabem, o Queijo Minas Artesanal é patrimônio cultural imaterial brasileiro, título concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Quintal do Glória — Canastra — Sudoeste de Minas
Em São João Batista do Glória, Sudoeste de Minas Gerais, a queijeira Nilseia Vilela criou há seis anos a marca Quintal do Glória, depois de cursos e capacitação para a produção do tradicional queijo Canastra. De lá até os dias atuais, Nilseia já contabilizou várias conquistas em premiações e mostrou a que veio nesse universo fantástico de sabores proporcionados pelos queijos maturados.

Nilseia Vilela do Quintal do Glória
A queijaria, sediada no portal da Serra da Canastra, garante a boa qualidade do tradicional queijo Canastra. Trabalhando com vacas da raça Jérsey, que produzem leite com bom teor de gordura, seus queijos têm conquistado clientes pelo Brasil afora.
A qualidade do produto foi comprovada em concursos. A primeira conquista aconteceu em 2019, no V Prêmio Queijo Brasil, umas das maiores premiações de queijos artesanais do país, no qual garantiu medalha de prata e de bronze. Se os seus queijos, já no início da produção, tinham essa qualidade toda para garantir medalhas nos concursos, imagine seis anos depois!
Nesses seis anos, outras medalhas foram conquistadas como as duas de prata no VI Prêmio Queijo Brasil e uma de Prata na França, na sexta edição do concurso Mondial Du Fromage, realizado em 2023. Há mais de 10 anos, o Mondial du Fromage tornou-se evento imperdível para os envolvidos na produção de queijos. O certame acontece a cada dois anos e o próximo será em 2025. Imagine a emoção da Nilseia e do Renato quando receberam a medalha, que significa um dos sonhos realizados! É muita emoção!
A Queijaria Quintal do Glória é a primeira da Canastra a conquistar o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF). Para 2024, a sua meta é aumentar a produção e construir uma área externa para melhor receber os clientes e amigos. Para acompanhar as novidades da queijaria e comprar seus produtos, acesse o instagram @queijo_quintal_do_gloria.
Sítio Primavera — Mantiqueira
Em Lima Duarte, na Serra da Mantiqueira, a queijeira Maria Elisa Almeida e o marido Jorge Bezerra mantêm uma queijaria e um receptivo para turistas. O negócio começou depois que optaram por mudar da capital do Rio de Janeiro para o interior de Minas Gerais, em busca de uma vida mais tranquila. A tranquilidade está no ambiente do Sítio Primavera, mas o trabalho se intensificou para o casal.

O Casal do Sítio Primavera
Maria Elisa foi professora, psicóloga e advogada, mas hoje fala com orgulho que é queijeira. Ela produz dez queijos por dia, resultado da produção de vacas das raças Jérsey e Jersolando. Além de boa produtividade, essas raças produzem um leite com maior teor de gordura, garantindo queijos de ótima qualidade, já premiados em concursos.
Ao investir na produção do queijo Minas Artesanal e no turismo rural, o casal continua a capacitação iniciada há oito anos, quando optou pela mudança de vida e de estado. Tanto que no dia em que a reportagem entrou em contato com eles, Maria Elisa estava em Lavras, participando do Seminário Técnico de Queijos Artesanais.
Os queijos do Sítio Primavera foram premiados no Festival Internacional de Queijo realizado em Araxá, em 2021, onde receberam Medalha de Prata no queijo maturado de 45 dias e Medalha de Ouro no Queijo Minas Aromatizado no vinho, uma das especialidades da queijaria.
Queijo maturado no vinho
Maria Elisa é presidente da Associação dos Produtores de Queijo Minas Artesanal da Região das Serras da Ibitipoca (Aproq). A região foi reconhecida pelo IMA pela produção regulamentada, para o queijo Minas Artesanal. Embora o queijo seja semelhante ao Canastra, apresenta as características da região, o terroir, que o caracteriza. Ela também faz parte da Associação Mineira de Queijos Artesanais (Amiqueijo) e é membro do grupo de trabalho do coletivo de salvaguarda do modo de fazer do queijo minas artesanal – Iphan-MG.
Assim, nada de tranquilidade em Minas Gerais, mas muito trabalho em prol da cultura, tradições mineiras e do turismo. Para acompanhar um pouco mais dessa trajetória, acesse o Instagram @sitioprimaverald.
Queijos da Marisa — Canastra-Oeste de Minas
A produção de queijo é uma tradição na família da Marisa de Lima Carvalho, a Dona Marisa. Seguindo a tradição, após a aposentadoria, ela e o marido, Wander (in memoriam), decidiram mudar-se para a fazenda, no município de Tapiraí/MG, e continuar a fabricar queijos, que já eram produzidos e comercializados em feirinhas da cidade onde moravam.
Dona Marisa
Há 16 anos, conseguiram os registros nos órgãos de inspeção, pois ainda não tinham a certificação. Pioneiros na Associação dos Produtores de Queijo Canastra (Aprocan), eles começaram a participar de feiras do Sistema Faemg Senar, Sebrae e Emater, em várias cidades de Minas Gerais.
A produtora trabalhou focada na qualidade do produto e foi somando conquistas. Registro no IMA em 2009 e o Selo Arte, em 2021, o primeiro do seu município. O resultado de tanta dedicação é retratado nos concursos de queijos, municipal, regional e estadual, dos quais sempre participou. Em 2019, conquistou o selo Ouro no Prêmio Queijo Brasil e, em 2022, Prata no Mundial do Queijo Brasil em São Paulo. Essas conquistas valorizaram ainda mais o seu produto.
Durante essa trajetória, a indicação geográfica da região foi declarada pelos órgãos governamentais, passando a ser nomeado Queijo da Canastra apenas os queijos produzidos na região da Serra da Canastra, que engloba oito municípios, entre eles Tapiraí. Essa ação promoveu a valorização do produto e do pequeno produtor.
Em 2019, aconteceu a tão sonhada sucessão familiar, época em que o filho Wander Júnior adquiriu a fazenda, dando continuidade à tradição de fazer o queijo, ainda pelas mãos da Dona Marisa. A comercialização segue conduzida pelos filhos, para compradores de todo o país. Um destaque importante é a participação na Casa Cor Minas, há cinco anos, representando a Canastra pela Aprocan.
Atualmente, Marisa produz de 12 a 15 queijos por dia. Esse é o resultado de parte dos 1.400 litros de leite, de gado holandês, produzidos diariamente na propriedade. Dona Marisa afirma que embora trabalhe sozinha está superfeliz com a sua produção de cerca de 400 peças/mês. Uma conquista importante foi a comercialização do queijo com 14 dias de maturação, sendo que antes era com 21 dias.
Apaixonada pela atividade na queijaria e pela vida rural, em 2017, após o falecimento do marido, ela precisou tomar uma importante decisão: parar ou continuar. Foi quando decidiu continuar e declarou: “Não há outro lugar que eu queira estar”.
Queijaria 3 Irmãos – Tapira – Triângulo Mineiro – Microrregião de Araxá
O casal Reginaldo e Liliana Carvalho começou a produzir queijos quando ainda prestava serviços em uma fazenda. O ano era 2007 e Liliana começou produzindo queijo com o leite cedido pelo patrão. O negócio cresceu e eles alugaram uma propriedade, onde passaram a produzir, em parceria, 100 queijos por dia. O nome escolhido — Queijaria 3 Irmãos — é uma homenagem aos três filhos do casal, que hoje trabalham com os pais.

Reginaldo e Liliana Carvalho
Da fazenda alugada, eles passaram a uma propriedade própria, após o descarte de 90% do rebanho. Seguiram com menos animais, apenas 10 da raça Girolando, mas firmes na produção de queijos. O trabalho sério acompanhado por veterinário e focado na qualidade do leite trouxe bons frutos. A queijaria foi certificada pelo IMA em 2022. Atualmente, a produção da queijaria é de 45 peças por dia.
O trabalho do Reginaldo e da Liliana já foi reconhecido em vários concursos, como no promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), certame no qual conquistaram a quinta colocação na categoria queijos artesanais com adições/aromatizados/condimentados. Eles também já conseguiram medalha de prata na ExpoQueijo, e premiações em concursos regionais. As conquistas seguiram em 2023: 4° lugar no concurso regional Expoqueijo: medalhas de ouro e bronze; Prêmio Brasil: quatro medalhas de bronze e uma de prata; e, Mondial Fromage Tours – França: Medalha de Prata.
Segundo Amanda, uma das filhas, a comercialização acontece em supermercados e empórios em Tapira e cidades vizinhas. “Nosso objetivo maior é comercializar em empórios de todo o Brasil e fazer o atendimento direto ao público, por meio da visitação à queijaria”, disse.
A queijaria hoje oferece uma experiência rural e gastronômica. Visitação pela propriedade, apresentação da linha de produção e degustação dos produtos feitos na própria fazenda. O trabalho que envolve toda a família segue firme na fazenda. “Estamos nos preparando desde o ano de 2023 para os concursos de 2024, inclusive estaremos presentes no Mundial de Queijo, que acontece em São Paulo no mês de abril”, disse Amanda. Em breve teremos novidades, o Mundial chegou.