Cientista e empreendedora

Texto por: Publicado em: 27 de fevereiro de 2024

A PhD Amanda Felipe Reitenbach é uma neurocientista sensorial apaixonada pela interseção entre ciência, gastronomia e comportamento. Com uma sólida formação em neurociência e uma vasta experiência na indústria de bebidas, ela se dedica a explorar as complexidades da percepção sensorial e a promover uma compreensão mais profunda dos alimentos e bebidas que nos cercam. Sua abordagem multidisciplinar e sua paixão pela pesquisa a tornam uma figura proeminente no campo da neurociência sensorial e do empreendedorismo científico feminino.

 

AM – Você é uma cientista e se dedicou ao estudo de bebidas, entre elas a cerveja e o que envolve a sua produção e sabor. Como foi o seu despertar para esse segmento?

Como neurocientista sensorial, meu interesse pelas bebidas, incluindo a cerveja, surgiu da fascinação pela interação complexa entre os processos de produção, os ingredientes e a experiência sensorial única que cada bebida proporciona. Observar como os estímulos sensoriais influenciam nossa percepção do sabor e aroma das bebidas foi o ponto inicial para minha jornada nesse segmento.

AM – A cerveja a levou a muitos caminhos, como o estudo das funções multissensoriais da bebida. Como foi a evolução da sua caminhada até chegar ao estudo das funções multissensoriais?

A cerveja serviu como um veículo para explorar as funções multissensoriais das bebidas. Ao investigar como fatores como cor, aroma, textura e sabor se entrelaçam e afetam nossa experiência sensorial, minha pesquisa expandiu-se para compreender a complexidade das interações entre os sentidos e os produtos alimentícios.

AM – Você também é fundadora do Science of Beer Institute, uma escola para a capacitação de profissionais do setor cervejeiro. O que descobriu ao longo dessa caminhada?

Ao longo dessa jornada, percebi a necessidade de compartilhar esse conhecimento com os profissionais do setor cervejeiro. A fundação do Science of Beer Institute foi uma resposta a essa necessidade, oferecendo capacitação com base científica para aqueles que desejam aprofundar sua compreensão sobre a produção e apreciação de cervejas. Agora, estamos empolgados em anunciar o lançamento do Science Hub, uma ICT dedicada a outras bebidas, alimentos, ciência aplicada à inovação e tecnologia, e temas atuais, como neurociências sensoriais. Esse novo projeto reflete nosso compromisso contínuo com a promoção da pesquisa interdisciplinar e da excelência na indústria alimentícia e de bebidas.

 

AM – A Science of Beer já formou alunos por todo Brasil. Quais são as respostas de quem já passou pela escola?

Os alunos que passaram pelo Science of Beer Institute destacam a valorização do conhecimento científico na produção de cervejas, além da oportunidade de aprimorar suas habilidades técnicas e sensoriais. Eles também ressaltam a importância de uma abordagem multidisciplinar e colaborativa para aprimorar a qualidade das cervejas produzidas.


Amanda Reitenbach e equipe do Brasil Beer Cup

AM – A cerveja probiótica é uma das suas defesas e premiações em concurso. Fale um pouco mais desse projeto.

Meu envolvimento com cerveja probiótica surgiu da busca por inovação e funcionalidade no universo cervejeiro durante minha dissertação de mestrado no EQA/UFSC. A cerveja probiótica representa uma síntese entre a tradição cervejeira e os benefícios para a saúde, oferecendo uma opção única e nutritiva para os consumidores.

 

AM – Focando no universo feminino na produção de cervejas, o que o público consumidor ainda não sabe sobre a participação feminina na produção de cervejas?

O público muitas vezes desconhece a significativa contribuição das mulheres na produção de cervejas ao longo da história. As mulheres trazem perspectivas únicas e sensibilidades sensoriais distintas para o processo de criação de cervejas, resultando em uma diversidade de estilos e sabores que enriquecem o mercado cervejeiro.

 

AM – Nas questões de análises sensoriais, o que a criação de uma cerveja por mulheres difere da cerveja produzida por homens?

A criação de cervejas por mulheres frequentemente se destaca pela sensibilidade sensorial e pela experimentação com ingredientes e técnicas inovadoras. Essa abordagem pode resultar em cervejas com perfis de sabor mais complexos e nuances sensoriais distintas, que refletem a diversidade e criatividade das cervejeiras.

 

AM – A entrada das cervejas artesanais no mercado mudou o cenário para os consumidores. Hoje, temos mais opções. Como você analisa a abertura desse mercado?

A entrada das cervejas artesanais no mercado trouxe uma explosão de diversidade e qualidade para os consumidores. A abertura desse mercado permitiu a expressão da criatividade dos cervejeiros, além de proporcionar uma maior valorização da cultura cervejeira e uma experiência mais enriquecedora para os apreciadores de cerveja, podendo explorar ingredientes e criações com complexidade sensorial.

 

AM – O mercado das cervejas sem glúten está crescendo, diante da demanda para se cortar esse ingrediente da nossa alimentação?

O crescimento do mercado de cervejas sem glúten reflete uma tendência crescente de conscientização sobre as necessidades e preferências dos consumidores. Essas cervejas oferecem uma opção inclusiva para aqueles que buscam evitar o glúten em sua alimentação, sem comprometer o sabor ou a qualidade da bebida.

 

AM – Quais os pontos mais importantes dos concursos de cerveja realizados no Brasil como o Brasil Beer Cup (5ª edição) e o Brasil Spirits Cup e Brasil Coffee Cup (1º edição em 2024 – este reunirá outra paixão nacional: o café)?

Os concursos de cerveja como o Brasil Beer Cup ou de outras bebidas Brasil Spirits Cup desempenham um papel fundamental na promoção da excelência, gerando “feedback” técnico e científico para a indústria de bebidas. Eles oferecem uma plataforma para cervejeiros de todo o país mostrarem seu talento, impulsionam a inovação e proporcionam uma experiência educativa e inspiradora para os participantes e espectadores.

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