
Três elos dessa cadeia chamada pecuária leiteira – Parte II
Melhores condições
Os avanços tecnológicos e genéticos impactaram a forma de produzir o leite nas últimas décadas. Antes a pasto, com períodos de sazonalidade específicos em decorrência dos períodos de secas e de chuva, a produção em “free stall” e “compost barn” possibilitou manejos diferenciados que interferem em maior produtividade o ano todo. Associados a essa questão, temos a seleção genética dos animais e o quanto essa pesquisa contribuiu para o aumento da produção leiteira.
Juntamente com a genética, a produção de alimentos teve um salto nos últimos anos, o que possibilitou ao produtor se adequar e preparar alimento para o rebanho, avaliando a sua produção anual. E mesmo com toda essa capacidade administrativa de planejamento com ferramentas novas que incluem softwares de gerenciamento, análises climáticas, ainda pode ocorrer algum tipo de imprevisto, em decorrência dessa indústria a céu aberto.
Dificuldades climáticas
Entre fatores positivos e negativos que afetam a cadeia produtiva, as atuais condições climáticas precisam ser analisadas sob um novo olhar, uma vez que afeta a produção de alimento e o bem-estar animal. E como adequar tudo isso diante de tantos imprevistos vivenciados nos últimos meses com o calor extremo. Análise climática é uma ferramenta de uso diário para o produtor em tempos atuais e não dá mais para se preparar de acordo com as estações do ano, antes tão definidas.
Na ponta do lápis
Mais um elo dessa cadeia se junta às conquistas genéticas e a inconstância do clima: o gerenciamento junto à economia nacional com seus altos e baixos que faz o brasileiro consumir mais ou menos leite ou produtos derivados. Conforme dados da Embrapa Gado de Leite, apesar de toda a evolução, a produção nacional encontra-se praticamente estagnada desde 2014, o mesmo acontecendo com o consumo per capita, resultado de um ambiente macroeconômico complicado, com recessão econômica em 2015 e 2016, pandemia em 2020 e um baixo crescimento da renda média do brasileiro. Com essa conjuntura de mercado desafiadora vivenciada nos últimos anos, somente os produtores mais eficientes têm conseguido se manter na atividade, gerando renda e bem-estar para suas famílias.
E para conduzir esse processo com eficiência é necessário ter tudo anotado na ponta do lápis, para entender o real valor do custo de produção e poder negociar da melhor maneira o produto. Baixar custos, mudar dietas, buscar novas formas de comercialização, buscar constantemente a qualidade, são medidas necessárias para manter o custo de produção dentro dos parâmetros pagos pela indústria ou para agregar valor ao produto.
A qualidade é um dos fatores que agregam valor ao produto in natura. Esses pré-requisitos da indústria incluem Contagem Bacteriana Total (CBT), Contagem de Células Somáticas (CCS), Teor de Gordura, Teor de Proteína, resfriamento do leite, presença de antibiótico, volume, entre outros.
Segundo o instrutor do Sistema Faemg Senar, Élcio Borges, conhecer o custo real do produto é a principal ferramenta para que a produção seja eficiente e o produtor possa negociar com a certeza de que está trabalhando com ganhos ou perdas. “Eu, como técnico, estou muito preocupado com todas essas questões, pois as vivencio todos os dias e, infelizmente, muitas vezes não somos ouvidos”, diz.