No palco do CNMA

Texto por: Publicado em: 20 de dezembro de 2023

O maior evento para produtoras rurais da América Latina, realizado em outubro/2023, foi marcante. As produtoras rurais, de norte a sul do país, levaram para as suas fazendas muita informação que vai mudar a sua forma de trabalho. No foco dos debates, a sustentabilidade: como dobrar a produção do país com sustentabilidade.

Boas práticas

A pecuarista Carmem Perez fez o pré-lançamento do documentário “Um outro olhar – Uma jornada pelo bem-estar animal e sustentabilidade”, que terá a participação de Temple Grandin. O lançamento está previsto para maio de 2024. Carmem é a idealizadora do projeto “Quando Ouvi a Voz da Terra”, em parceria com o diretor Nando Dias Gomes e a jornalista Flávia Tonin.

Prêmios

A engenheira agrônoma e produtora Flávia Rodrigues, do Paraná, proprietária da Fazenda Califórnia, uma fazenda pioneira no Estado na introdução da cafeicultura, venceu o prêmio da Bayer na categoria Grande Propriedade. O prêmio Mulheres do Agro está na sua sexta edição e premia produtoras rurais por suas práticas ancoradas nos pilares ESG (ambiental, social e de governança).

Flávia e o marido assumiram a fazenda em 2004 e trabalharam muito para administrar a propriedade de forma sustentável. Tiveram que começar do zero, já que as práticas adotadas anteriormente não condiziam com o propósito de sustentabilidade idealizado pelo casal. Solos degradados, plantios errados e os muitos problemas foram vencidos passo a passo, até o reconhecimento com a premiação durante o CNMA. Fácil não foi, mas juntos eles se especializaram na cafeicultura e transformaram a fazenda – antes dominada pelo plantio de cana – em um bom exemplo a ser seguido. A área hoje é dividida entre café e soja, com predominância do café.

Engenheira agrônoma e produtora Flávia Rodrigues

Moda

A empresária e criadora de cavalos Suellen Jacobsen criou o Foal Leather e lançou durante a CNMA uma coleção produzida pela Foal, com assinatura da empresária Lu Romancini. O conceito Foal Leather busca resgatar a feminilidade e a autoestima de mulheres do campo com moda agrossustentável, originária de itens 100% brasileiros: couro de pelica e 100% algodão, matéria prima certificada, nada produzido em escala: tudo exclusivo, personalizado e dedicado a fortalecer a mulher rural.

A empresária Lu Romancini e Suellen Jacobsen no lançamento da coleção

FIA School

ESG (Environmental, Social and Governance) – a sigla ganha espaço cada vez mais nas matérias voltadas ao agronegócio. No CNMA, a aplicação em campo de ações que envolvem o meio ambiente, o social e a governança da atividade ganhou representatividade nas apresentações das produtoras Hilda Loschi e Marisa Contreras que participaram do curso da FIA School (USP) e mostraram os resultados do trabalho em suas propriedades.

Mas o que é o tão falado ESG? Segundo a professora do projeto da FIA School, Sabrina Navarrete, o primeiro passo é desmistificar a sigla, fazer entender as ações que envolvem o meio ambiente, o social e a governança em uma propriedade. Muitas ações as produtoras já fazem, mas só vão entender no final do curso. “O ESG é uma ferramenta de mitigação de riscos. No agro, eu tenho que tomar cuidado com a saúde do solo: se não tiver solo, eu não produzo. Com a água: se acabar a água, não temos produção. Os resíduos, o bem-estar animal. É o básico. A partir do momento que você para, mapeia, analisa o que está fazendo na sua propriedade e organiza um plano de ação, é preciso engajar a equipe interna nesse propósito, porque se eu não engajar o público interno, nada acontece. Depois do processo de engajamento é preciso comunicar os resultados para que o investidor saiba apostar em quem tem ações mais sustentáveis. Esse é o diferencial de quem aposta no ESG”.

A produtora Hilda Loschi, do Norte de Minas, que aposta na fruticultura, foi uma das que apresentou o resultado do trabalho implantado em sua propriedade através desse projeto. “Você tem que ter práticas de governança muito sólidas com relação ao custo de produção, tem que ter resultados muito assertivos, muito imediatos para a tomada de decisões. E esse foi o grande mérito do projeto que a gente fez: conseguir entender tudo o que temos de ativo dentro da propriedade e entender o que o nosso consumidor busca”.

Para Marisa Contreras, do Sudoeste de Minas, o projeto da FIA School foi um divisor de águas, pois através do relatório foi possível medir todas as ações que já eram desempenhadas na sua fazenda, a Capoeira Coffee. “O relatório nos trouxe uma visão clara de onde nós vamos chegar, uma visão extraordinária do futuro, as ações que já implantamos. Hoje é possível mostrar essas ações aos nossos consumidores e a todos que estão envolvidos na cadeia produtiva do café. Que honra, que orgulho ser uma fazenda de café, produtora de cafés especiais, certificada e onde as pessoas contam as suas histórias,  onde as nossas xícaras de café são valiosas, porque não é só cuidar do meio ambiente e da sustentabilidade, mas é cuidar da nossa vida, das nossas famílias e dos nossos negócios, porque se isso não estiver perfeitamente alinhado com o meio ambiente, os nossos negócios não terão sobrevivência!”.

Marisa Contreras e Hilda apresentando resultados do ESG

Biografia

A engenheira agrônoma e produtora, Celi Webber Mattei, lançou a sua biografia durante o CNMA. A sua trajetória marcada por muitos desafios não a impediu de seguir em frente e atuar na linha de frente da empresa familiar, uma das mais importantes no ramo de sementes no país.

Cell Webber Mattei e Sabrina Navarrete professora da FIA Business School

Lideranças

Mineiras se encontram em São Paulo. A ex-secretária de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Ana Valentini, que participou da mesa-redonda “Sem Medo de Mudar”, em bate-papo com Silvana Novais, coordenadora do Faemg Mulher.

Ana Valentini e Silvana Novais

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