Para relembrar um modo tradicionalíssimo de preparo do bolo de fubá assado na brasa, receita mais que centenária em Minas Gerais, abrimos essa sessão de culinária. Minha avó, Elvira, o fazia para a família, minha mãe, Rita, hoje com 101 anos, fez muitas e muitas vezes para nossa família. Confesso que aquele sabor, com um delicioso café, é algo inigualável. E mais: comida de verdade e das boas.

Pela tradição dessa iguaria escolhemos esta receita para iniciarmos essa editoria. E quem tiver histórias para contar sobre esse preparo, mande para nós. Vamos adorar trocar histórias que nos remete a lembranças em família.

Bolo na brasa

Para fazer esse bolo delicioso fomos até o Sítio da Mata, na zona rural de Carmo do Rio Claro, onde o casal Rosimeire Aparecida Marques Bento,  José Joaquim Bento mais os filhos Regiane e Lucas apostam na cafeicultura. Há 20 anos José Joaquim cultiva o café nessa propriedade. Atualmente, também criam porcos e galinhas para a comercialização.

Voltando ao bolo de fubá, Rosimeire aprendeu a fazer o bolo com a sua mãe, que por sua vez aprendeu com a sua avó. Hoje, mesmo ela cozinhando no fogão à lenha, que possibilita o preparo do bolo, as ações da cozinha ganharam praticidades da vida moderna, como o forno elétrico, que facilita a sua vida. Assim, esses preparos mais demorados ficam para ocasiões especiais. Afinal, ela também divide a lida da terra com o marido.

Histórias

Mas, vamos lá com um pouquinho de história. O bolo de fubá assado na brasa é muito tradicional, pois nos séculos passados a forma de cozinhar era mesmo no fogão à lenha, com o uso de panelas de ferro. Os fornos de barro eram acessos para o dia da quitanda, onde se produzia de tudo para muitos e muitos dias e os quitutes eram “guardadas a sete chaves” nas despensas das fazendas.

Mas, o bolinho do dia a dia, a forma de assar, era mesmo no fogão à lenha com fogo por baixo e braseiro por cima para corar. Assado devagarinho, como se estivesse em banho maria, garantindo um sabor inigualável. Esse processo foi se modernizando à medida que a cozinha do brasileiro ganhou novos equipamentos. Vieram os fogões a gás, as formas de alumínio, os forninhos elétricos, o micro-ondas e a air flyer. Junto vieram as batedeiras e o liquidificador.

Mas, neste espaço, queremos relembrar sabores, mostrar a evolução da culinária e ressaltar o quanto as memórias afetivas e sensoriais marcam a nossa vida. Então, seguimos, registrando aqui a receita que a Rosimeire preparou especialmente para nós.

Modo de fazer

Comece batendo bem os ovos (se quiser use o liquidificador, mas não é necessário), acrescente o açúcar, depois a coalhada e a nata e na sequência o fubá. Depois de bem batido, acrescente por último o bicarbonato. Unte bem uma panela de ferro com óleo (esse passo é importante, pois a massa pode “agarrar” se não for bem untada). Leve ao fogão. O braseiro por baixo e cubra a panela com uma assadeira e coloque a brasa por cima. A massa precisa de pelo menos 30 minutos para assar, conferindo regularmente o braseiro para manter o calor.

Dicas da minha mãe: se quiser pode colocar algumas especiarias como a erva doce ou cravo moído. Fica uma delícia! Mas, atenção: a quantidade, não pode ser muita. Uma pitada é suficiente. Essa sugestão mais um café de boa qualidade, garante uma tarde deliciosa para colocar o papo em dia com a família e amigos.